Desde
pequenos, através das frustrações aprendemos a desenvolver a força e
determinação que não nos deixam desistir, que nos fazem superar qualquer desafio.
Depois desenvolvemos o perdão, que nos liberta das experiências ruins do
passado e abre nossos caminhos para o futuro. Tudo isso sob a luz da fé, que
nos coloca em direção dos nosso objetivos e garante que estamos no caminho
certo. Lemos muitas coisas, aprendemos sobre novas maneiras de lidar
com a gente mesmo e com a vida. Aprendemos sobre o pensamento positivo e o
praticamos bastante, até já desenvolvemos maneiras novas de pensar e agir sobre
as coisas. Por que então as coisas não mudam? Por que parece que tudo o que não
queremos se repete tanto em nossa vida?
A resposta é muito simples, é porque ainda não mudamos nossa maneira
de sentir. Existe uma grande diferença entre pensar e sentir. Por trás de nossa
personalidade existem emoções guardadas que refletem nossos medos,
inseguranças, carências, limitações. Nosso emocional é o que cria o ambiente
onde manifestamos nossa realidade. Então é só analisarmos brevemente nossas carências,
inseguranças, reações e reclamações mais comuns para ver como é o ambiente que
estamos criando para nossas manifestações. Que tipo de realidade se manifesta
em um ambiente desses?
Trazemos ainda muitas feridas do passado, revoltas com a vida, com
nossos pais, com nossas expectativas frustradas e isso gera uma resistência
enorme em conduzir a nossa vida para onde gostaríamos. Temos que aceitar as
coisas como elas são em primeiro lugar, parar que querer tratamento especial da
vida e aceitar tudo exatamente da maneira que ocorreu, pois tudo foi da forma
mais perfeita para nosso aprendizado. Sem estes aprendizados nunca seriamos
verdadeiramente livres, nunca buscaríamos nos reconectar com a essência Divina
que há em nós.
Não há outro caminho então senão o do perdão. Perdoar não é livrar-se
e não querer mais olhar na cara. Muito pelo contrário, é compreender o
aprendizado, nossa participação e co-criação do fato e aceitar
incondicionalmente o outro participante, curando assim a ferida e libertando-se
do fardo de guardá-la dentro de si. Quando perdoamos inteiramente nossos pais,
nossos relacionamentos, nosso passado, a vida, Deus e a gente mesmo, nos libertamos
e não mais recriamos as historinhas que vivemos repetindo, de como as coisas
são e como a vida nos trata.
Ao paramos de buscar mais coisas para reclamar e provar que a vida é
daquele jeito mesmo que a gente pensa, passamos então a construir um novo olhar
sobre as coisas, cada vez mais enxergando o sagrado em tudo o que há. Parando
de cobrar da vida o bom tratamento que nós mesmos não nos damos, passamos a
perceber como coisas pequenas que antes nem reparávamos podem ser tão
maravilhosas. O simples fato de estarmos vivos e sermos quem somos já é um
presente de Deus, uma oportunidade única no universo! Poder sentir, poder amar,
pisar no chão em contato com um espírito tão grandiosos como a Terra, poder
respirar o prana tão abundante... só há motivos para agradecer!
A gratidão é muito melhor do que a frustração e frustra-se quem
ainda acredita que a eterna realização de desejos é o motivo de estarmos aqui.
Esta busca incessante só aumenta o vazio interior, que é causado não pela falta
de alguma coisa, mas pela desconexão com nossa própria essência Divina, que é
infinitamente rica, amorosa e perfeita.
Reparemos em nossas queixas, reparemos diariamente como interpretamos
os fatos de nossas vidas, nossas rotinas, nossos trabalhos etc. Estas
interpretações negativas ainda estão sendo geradas por feridas não perdoadas,
frustrações guardadas, revoltas, raivas e coisas do gênero. Por mais que
limpemos energeticamente estas coisas com as terapias espirituais, se não
mudamos nosso olhar sobre o mundo e as historinhas que contamos para a gente
mesmo acabamos por recriar tudo novamente, ainda reforçando cada fato por novas
frustrações que certamente acontecerão.
Então não dá para esperar que a vida nos trate bem quando nós
reclamamos tanto dela. Temos que decidir de uma vez por todas que vamos mudar,
querer ser pessoas melhores, mais amorosas e mais aptas a perceber as belezas
do caminho que o universo providenciou para a gente. Não temos que adotar
práticas positivas para conseguir alguma coisa, o que conseguimos é a própria
prática, os ganhos são internos, a mudança é o próprio caminho e suas flores
que nos serão cada vez mais visíveis. Assim é a vida, vivida de dentro para
fora, livre de carências.
Precisamos parar de focar no que não saiu conforme nossos desejos e
expectativas, parar de criar ilusões de como as coisas deveriam ser. As coisas
são o que são quer gostemos ou não, é melhor aprendermos logo a lidar melhor
com isso. Não dá para esperar alguma coisa acontecer conforme nossa vontade
para sermos felizes. Aprender a focar no que queremos, não no que não queremos
é uma prática muito importante para nos livrarmos do mal hábito da reclamação.
Desenvolvemos desde a infância uma certa arrogância, achamos que sabemos
tudo o que é melhor para a gente. Neste ponto de nossa educação, o conceito de
humildade e de simplicidade nos foi muito mal transmitido devido às distorções
confinantes das religiões. Humildade e simplicidade não são sinônimos de servidão
ou pobreza como pensamos. Humildade é aceitar que não sabemos de tudo e nos
abrirmos para que novas maneiras de entendermos as coisas cheguem até nós.
Simplicidade é compreender que não precisamos de nada além do que temos no
momento presente, no aqui e agora. É encontrar a riqueza em quem somos, dentro
de nossos corações.
Perdão, humildade, simplicidade é a receita para um feliz
aqui-agora. Este é o roteiro para criarmos o ambiente necessário para as
manifestações felizes em nossa vida. A partir daí podemos sim sonhar,
direcionar a nossa vida para onde preferimos. Porém sempre alertas para não
mais rejeitar o momento presente, pois todas experiências de alguma forma nos
são úteis e válidas. Uma experiência rejeitada não é liberada, acumulando-se
com outras e criando resistências em nosso caminho.
Nossas emoções não são apenas frequências captadas por nossos
cérebros. Elas estão impregnadas em cada célula do nosso corpo. Criamos hábitos
baseados nelas, sinapses cerebrais exclusivas para cada comportamento. Quando
tomamos consciência de um hábito baseado em alguma emoção negativa, pormos
pedir para nosso corpo dar um jeito de enfraquecer esta sinapse e criar uma
nova baseada no amor, na abundância, na liberdade e na Unidade. Nosso corpo é
inteligente, nos ama e sempre irá buscar manifestar aquilo que sentimos, pois
não julga nossas escolhas. Cabe a nós então a responsabilidade de escolher mais
sabiamente e criarmos assim melhores caminhos em nossas vidas.
Um feliz aqui-agora para todos nós!
Namastê!
Namastê!